Em dez anos de relação com Lan Lanh, Nanda Costa desabafa sobre ataques homofóbicos: ‘O mais sofrido era ficar calada’

Por Günther Ner 5 Min Read

Milena é uma jovem que comete furtos para melhorar a vida da família. Ao roubar um carro, ela não imagina que o corpo de um rapaz que acabou de ser assassinado está escondido no porta-malas do veículo. Pega pela polícia, é presa pelo homicídio que não cometeu. Após cumprir alguns anos de prisão, a personagem de Nanda Costa é solta e logo ameaça Jordana (Paolla Oliveira), a verdadeira mulher que matou o homem. Para não denunciá-la, propõe que a dona de gravadora a lance como cantora, já que esse sempre foi seu grande sonho, e inicia com ela uma relação estranha, que inclui até sexo quente. A história dela é uma das tramas que movimentam “Justiça 2’’, série que estreia hoje no Globoplay.

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— Milena tem a energia típica de uma de jovem muito sonhadora e ativa no rolê. Mas também pratica pequenos delitos. Quando passou “Justiça’’ (2016), assisti e fiquei encantada. Agora, tive a oportunidade de fazer esse trabalho como um grande desafio, já que é minha primeira personagem com destaque depois da maternidade, que transforma muito a gente — resume a atriz, de 37 anos.

A personagem é a primeira protagonista de Nanda depois de dar à luz as gêmeas Kim e Tiê, de 2 anos e meio. Nesse meio tempo, ela tinha feito uma participação em “Cine Holliúdy” (2022), e se disfarçou de Vovó Tartaruga no “The masked singer Brasil” (2023). Além de “Justiça 2’’, atualmente ela está em cartaz nos cinemas com “Dona Lurdes — O filme’’.

Para gravar a série, Nanda conciliou a maternidade com os estudos de canto e música, já que sua personagem deseja ser uma artista famosa. Para fazer as cenas em Brasília, onde a história se passa, a atriz contou com sua rede de apoio e principalmente com a mulher Lan Lanh, com quem tem um relacionamento de dez anos.

— Levei as meninas para São Paulo, mas o desafio era estudar música e cantar, e tinha muito texto para decorar. Como gravamos em Brasília, foi bom porque eu tive um tempo pra mim também. Realmente tive uma rede de apoio. Sem a Lan, eu não toparia ter sido mãe. A maternidade mexe muito com a autoestima da mulher, mas tem dado certo — enfatiza.

Na série escrita por Manuela Dias com colaboração de Walter Daguerre e João Ademir, a trama de Milena é contada ao mesmo tempo que os enredos de Balthazar (Juan Paiva), Jayme (Murilo Benício) e Geíza (Belize Pombal), e tudo se entrelaça. O ponto em comum é que os quatro protagonistas são presos na mesma noite.

Apesar da gestação tranquila, Nanda teve pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial durante a gravidez). Por isso, o parto teve que ser antecipado, e uma das gêmeas precisou ficar internada após o nascimento para ganhar peso. Foi nesse momento que a atriz entendeu que a maternidade era mais difícil do que imaginava.

— Por mais que se romantize, você só vai entender a realidade quando se torna mãe. Nenhum filho é igual ao outro. Posso falar porque eu tenho gêmeas, e mesmo com o mapa astral idêntico, elas são completamente diferentes. Tento ser a melhor mãe que posso para as duas, mas elas têm demandas diferentes. Até por tudo que aconteceu: o parto mais delicado. Ali já começou a maternidade real pra mim — pontua Nanda, que acabou de se mudar para Salvador (BA).

Mesmo ciente de sua orientação sexual desde a adolescência, a atriz só falou abertamente sobre sua bissexualidade em 2018. Na ocasião, foi alvo de mensagens de ódio, mas, segundo ela, isso não a machucou:

— Não foi nada. O mais sofrido pra mim era ficar calada. Depois que eu falei, foi libertador. Esses ataques já não me atingiam mais porque eu estava livre. Hoje, recebo mais amor. Como diria Erasmo Carlos (na música “Gente aberta’’), eu não quero mais conversa com quem não tem amor. Então, não dou nem ouvidos.

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